A endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo. Caracteriza-se pela presença de tecido semelhante ao endométrio — camada que reveste o útero — fora da cavidade uterina. Esse tecido pode se fixar em órgãos como ovários, trompas de falópio, bexiga, intestino e até em locais mais distantes, como o diafragma.
ATENÇÃO: este conteúdo tem caráter informativo. Procure orientação de um profissional médico. Jamais utilize apenas sites como fonte de informação sobre saúde.
Endometriose o que é: causas e fatores de risco
A explicação mais aceita para a origem da endometriose é a menstruação retrógrada. Nessa condição, o sangue menstrual, em vez de sair completamente pelo canal vaginal, retorna pelas trompas para a cavidade abdominal, levando células endometriais para fora do útero. Essas células se implantam em outros órgãos e passam a responder aos hormônios do ciclo menstrual.
Outros fatores de risco incluem:
- Histórico familiar de endometriose.
- Primeira menstruação precoce.
- Ciclos menstruais curtos (menos de 27 dias).
- Fluxo menstrual intenso e prolongado.
- Nunca ter engravidado.
Sintomas da endometriose
Os sintomas da endometriose variam em intensidade e localização, mas os mais comuns incluem:
- Dores pélvicas intensas, especialmente durante a menstruação.
- Cólicas menstruais debilitantes.
- Dor durante ou após relações sexuais.
- Dificuldade para engravidar.
- Dor ao urinar ou evacuar, especialmente durante o período menstrual.
- Cansaço excessivo e distúrbios gastrointestinais.
Nem todas as mulheres com endometriose apresentam sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico e levar a anos de sofrimento sem tratamento adequado.
Diagnóstico da endometriose
O diagnóstico da endometriose envolve uma combinação de exame clínico, histórico médico e exames de imagem. O ultrassom transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética são os métodos mais utilizados para identificar lesões e aderências.
Em alguns casos, a laparoscopia — procedimento cirúrgico minimamente invasivo — é necessária para confirmar a presença do tecido endometrial fora do útero e avaliar sua extensão. Esse procedimento também permite a remoção das lesões durante o diagnóstico.
Tipos de endometriose
A endometriose pode ser classificada em três tipos principais, conforme a profundidade e localização do tecido endometrial:
Endometriose superficial
Ocorre quando os focos da doença estão na superfície do peritônio, membrana que reveste a cavidade abdominal. Geralmente causa sintomas mais leves.
Endometriose ovariana
Forma cistos nos ovários chamados endometriomas, que podem interferir na ovulação e fertilidade. São conhecidos como “cistos de chocolate” devido à coloração escura do conteúdo.
Endometriose profunda
É a forma mais grave e dolorosa, pois o tecido invade órgãos e estruturas pélvicas em maior profundidade, podendo afetar intestinos, bexiga e nervos da pelve.
Tratamento da endometriose
O tratamento da endometriose depende da gravidade dos sintomas, da idade da paciente, da localização das lesões e do desejo de engravidar. As principais opções são:
Tratamento medicamentoso
Inclui o uso de analgésicos para controlar a dor e hormônios para suprimir a menstruação e reduzir o crescimento do tecido endometrial. Anticoncepcionais orais, progestagênios, DIU hormonal e análogos do GnRH são comumente prescritos.
Tratamento cirúrgico
Indicado em casos de dor intensa, falha do tratamento clínico ou infertilidade. A cirurgia visa remover o tecido endometrial ectópico e restaurar a anatomia dos órgãos pélvicos. A laparoscopia é o método preferido por ser menos invasiva.
Abordagem multidisciplinar
Como a endometriose pode afetar diversas áreas da saúde, é comum envolver uma equipe com ginecologista, nutricionista, fisioterapeuta pélvica, psicólogo e especialistas em dor crônica.
Endometriose e fertilidade
Um dos impactos mais significativos da endometriose é sobre a fertilidade. Estima-se que cerca de 30% a 50% das mulheres com endometriose tenham dificuldade para engravidar. Isso ocorre devido às alterações na anatomia pélvica, inflamação crônica e comprometimento da qualidade dos óvulos e dos espermatozoides no ambiente reprodutivo.
O tratamento da infertilidade em mulheres com endometriose pode incluir desde medicamentos indutores da ovulação até técnicas de reprodução assistida, como fertilização in vitro (FIV).
Qualidade de vida e apoio
Viver com endometriose pode ser um desafio diário. As dores constantes, o impacto na vida sexual e na fertilidade, além das dificuldades no diagnóstico, afetam diretamente a qualidade de vida da mulher. O apoio psicológico é essencial, assim como a informação correta e o acolhimento de familiares e profissionais de saúde.
Grupos de apoio e redes sociais específicas para pacientes com endometriose também são importantes fontes de informação, troca de experiências e suporte emocional.
Conclusão
Entender a endometriose, o que é e como afeta a vida das mulheres, é essencial para quebrar tabus e promover diagnósticos precoces. Com acompanhamento médico adequado, é possível controlar os sintomas, preservar a fertilidade e melhorar a qualidade de vida. A conscientização sobre essa condição é o primeiro passo para oferecer tratamento digno e eficaz a quem convive com ela.